Os ETF’s têm vindo a ganhar muita popularidade entre os investidores nos últimos anos. Havendo inúmeros ETF’s disponíveis para se investir, e sabendo das suas características, há uma pergunta que muito se faz, especialmente entre os investidores iniciantes: Como escolher um ETF? Qual é o melhor para mim?
Os ETF’s são fundos de investimento, cotados em bolsa tal como as ações, feitos especialmente para investidores individuais. Estes fundos investem o dinheiro dos seus investidores em “cestos” de produtos, tais como ações, obrigações, commodities, entre outros.
Tipicamente um ETF é de gestão passiva. Ou seja, em vez de ter um gestor de carteira que usa as suas capacidades de análise para selecionar títulos específicos para comprar e vender, eles tentam replicar o desempenho de um índice específico. Um ETF pode fazer isso seguindo um determinado índice (como o S&P 500) e replicando a sua composição de ativos. Pode também seguir um setor (como tecnologia, ou energia solar), replicando o índice de ações de várias empresas desse setor. Visto ser gerido passivamente, as taxas de administração de um ETF são mais baixas do que as de um fundo de investimento tradicional tradicional.
Neste artigo vamos falar sobre os passos que deves fazer para escolher um ETF que se enquadre contigo.
Passos para escolher um ETF
Depois de saberes o que é um ETF e as suas características, precisas de definir os seguintes passos para escolher um ETF:
1) Qual é o mercado em que pretendes investir?
Sendo um ETF um fundo que segue um índice da bolsa de valores, a tua primeira escolha deve ser sobre esse índice.
Um índice é composto por um grupo específico de empresas com características em comum. Têm como objetivo servirem de “termómetro” do mercado ou do setor onde estão inseridos e são usados como referência para investidores e para a economia. Como não dá para investir diretamente num índice, podes investir num ETF que o replique.
A escolha do mercado e do setor do índice tem de ter em conta o teu perfil de investidor, e a estratégia de investimentos. Se tiveres um perfil conservador, não faz sentido investires num indice de empresas de inovação tecnológica, por exemplo.
Existem muitos tipos de índices, de indústrias de crescimento, de ouro, de ações de um país específico, do mercado global, de mercados emergentes, etc.
Vejamos alguns deles:
- S&P 500: Índice que segue o desempenho das 500 maiores empresas dos EUA;
- MSCI Emerging Markets: Grandes e médias empresas de 27 países de mercados emergentes;
- Indxx Cybersecurity Index: Índice que segue a performance de empresas que operam na indústria de ciber-segurança;
- MSCI World Index: Grandes e médias empresas de 23 países desenvolvidos. É composto por 1585 empresas e cobre aproximadamente 85% da capitalização de mercado em cada país.
- MAC Global Solar Energy Index: Índice projetado para seguir empresas nos segmentos da industria solar.
No site https://www.investing.com/indices/ podes fazer uma pesquisa por índices que se enquadrem contigo:
Existem também alguns ETF’s geridos ativamente, onde os gestores estão mais envolvidos na compra e venda dos ativos do fundo. Normalmente, um fundo administrado de forma mais ativa terá uma taxa de administração mais alta do que ETF’s administrados de forma passiva.
2) Dividendos: Acumulação ou distribuição
Os dividendos são a parte do lucro que uma empresa distribui aos seus investidores. Tal como as ações, os ETF’s também distribuem dividendos.
Eles podem ser de 2 tipos:
Acumulação
Os dividendos que o ETF distribui são automaticamente reinvestidos na carteira do investidor, criando o efeito “bola de neve” do juro composto.
Por um lado não pagas imposto sobre os dividendos, pois eles não vão para a tua conta. Por outro, o teu património vai crescer mais rápido, pois a cada dividendo que é reinvestido, o teu património aumenta. Na próxima vez que receberes dividendos, já serão sobre o capital que tinhas investido, mais os dividendos que foste recebendo. Juros sobre juros!
No exemplo abaixo, um investidor que tenha investido 500 000€, com uma taxa de juro de 2%, não tendo fazendo mais aportes, no final do 5º periodo, o seu património tinha aumentado 52 040,40€. Num ETF, o equivalente à taxa de juro é o Dividend Yield.
Distribuição
Os ETF’s de distribuição funcionam como as ações, ou seja, os dividendos são distribuidos aos acionistas numa data específica. O investidor pode reinvestir na carteira ou não, é uma opção dele. Neste caso já existem impostos.
É indicado para quem quer ficar com os dividendos para si próprios, não os reinvestindo no ETF.
Esta é a tipologia dos meus ETF’s. Escolho distribuição, porque, apesar dos impostos, prefiro investir os dividendos que recebo noutras ações, ou REIT’s, que me paguem um dividendo maior que o ETF, e com uma frequência mensal ou trimestral.
3) Taxa de administração do ETF
A taxa de administração de um ETF deve ser sempre cuidadosamente analisada. Ao ínicio, com um património pequeno, uma taxa de 1% não é assim tão significativa. Mas imagina o impacto que tem há medida que formos acumulando dinheiro.
Por exemplo, 1% em 100 000€ são 1000€. Achas que faz sentido pagar 1000€ numa taxa, quando se pode pagar muito menos?
O gráfico abaixo representa a evolução a 30 anos de um investimento de 1000€ num ETF, com 5% de rentabilidade ao ano. A diferença entre uma taxa de administração de 0,5% e uma de 2% é gigante, são mais de 1000€ perdidos em taxas.
Atualmente já existem muitos ETF’s “low cost” com uma taxa abaixo de 0,1%. Algumas corretoras, como a Degiro, disponibilizam ETF’s com taxas gratuitas. Consulta aqui a lista de ETF’s gratuitos da Degiro.
Na minha estratégia de investimentos, não invisto num ETF com uma taxa de administração superior a 0,1%.
4) Retorno passado
Rentabilidades passadas não são garantias de rentabilidades futuras, mas dá para ter uma ideia da performance do ETF.
Nos últimos anos, por exemplo, os ETF’s de tecnologia tiveram um retorno bastante acima da média:
É claro que, para se ter rentabilidades maiores, o risco também será proporcional. Se o teu perfil de investidor for mais conservador, podes optar por um ETF de obrigações, ou de ouro, por exemplo, cujas rentabilidades são baixas, mas o risco também é pouco. Se tiveres um estilo mais agressivo, então olhando para a rentabilidade passada do ETF de tecnologia da imagem acima, ele pode ser uma boa opção.
Conclusões
O ato de escolher um ETF por parte de um investidor, tende a ser muito pessoal, e de acordo com o seu perfil. Depende do mercado em que ele pretende entrar, se pretende reinvestir os dividendos diretamente no ETF ou não, idealmente uma taxa de administração baixa, e um retorno passada dentro de níveis passados e com perspetivas de evolução futura.
Como vimos, há alguns ETF’s que têm uma forma de gestão mais ativa, tendo por isso um taxas mais altas. Se o retorno do ETF for substancialmente superior à taxa, então ela compensa ser paga. Mas na generalidade dos casos dos ETF’s passivos, quanto mais baixa for a taxa, melhor.
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Disclaimer: Este artigo não constitui recomendação de compra ou venda de nenhum ativo. O intuito é contribuir com conhecimento e educação financeira para o investidor tirar as suas próprias conclusões, tendo em conta os seus objetivos e perfil de investimento.